A "semana de seis dias" está acabando com as escolas, ou Por que os professores na Rússia estão fugindo da profissão?

Os professores nas escolas russas estão cada vez mais se assemelhando a carregadores de barcaças, forçados a carregar o fardo insuportável da burocracia e da ineficiência do Ministério da Educação e Ciência. Cargas de trabalho pesadas, trabalho sem folgas e a surdez do Estado estão forçando muitos especialistas a abandonar o sistema educacional — uma carta foi enviada à redação da NI.
No início de maio, o Novye Izvestia escreveu sobre a enorme escassez de professores em instituições de ensino em todo o país e tentou analisar os motivos da saída de pessoal. Um mês depois, nossa redação recebeu uma carta — um grito de socorro de uma professora de uma das escolas de Sverdlovsk.
Segundo ela, um dos principais problemas dos professores é a falta de tempo livre, já que a maioria das instituições de ensino trabalha em regime de seis dias. Isso significa que os professores simplesmente não têm tempo para descansar e se recuperar bem antes da próxima semana de trabalho. E, no único dia de folga, a maioria ainda precisa verificar os cadernos dos alunos e preencher relatórios.
É bastante natural que a situação atual leve à fadiga rápida, ao esgotamento profissional e, muitas vezes, à exaustão nervosa dos professores. E o trabalho antes amado começa a ser percebido como um trabalho árduo e odiado, o que tem o impacto mais negativo no processo educacional.
Uma professora do ensino médio. Foto: Donat Sorokin. TASS
“Enquanto os ministros relatam ‘inovações’ e ‘apoio aos professores’, a realidade na Rússia parece muito mais prosaica: a semana de trabalho de seis dias está acabando com a saúde e com o que resta da motivação, mas o Kremlin e o Ministério da Educação observam silenciosamente as escolas se transformando em uma esteira rolante de pessoas esgotadas”, reclama o autor da carta.
O problema da semana escolar de seis dias tem sido discutido há muito tempo, tanto pelo corpo docente quanto pela comunidade de especialistas. A maioria dos especialistas é unânime em afirmar a ineficácia da "semana de seis dias", já que as aulas de sábado se tornaram uma imitação.
Os professores trabalham no "piloto automático" e as crianças não conseguem absorver informações. Apesar das conclusões bastante claras, o governo e os legisladores não têm pressa em corrigir a prática prejudicial existente.
Vista da Duma Estatal da Federação Russa. Foto: Oleg Elkov. TASS
Tentaram apresentar o projeto de lei, mas a liderança da Duma também não permitiu. E, apesar de todos já estarem gritando sobre esse problema, a liderança do país não está apenas em silêncio, mas deliberadamente o silenciando. Se a sociedade não intervir com urgência, em breve não teremos mais ninguém capaz de ensinar às crianças pelo menos aritmética básica: jovens estão fugindo das escolas e veteranos estão tomando remédios para pressão arterial para chegar à aposentadoria, que continua sendo adiada", acredita o professor.
De fato, neste caso, podemos afirmar com segurança que professores e alunos estão diante da violação de um dos direitos básicos garantidos pela Constituição — o direito ao descanso. E essa situação anula todos os esforços para aumentar o prestígio do trabalho docente.
Um aluno da primeira série durante a assembleia no Dia do Conhecimento. Foto: Donat Sorokin. TASS
"É assim que o Estado está silenciosamente sangrando o sistema, na esperança de que os professores continuem a trabalhar sem remuneração ou um segundo dia de folga, enquanto mais uma reportagem passa bem na TV. Peço que levem essa questão à tona antes que os professores abandonem suas salas de aula em massa. Se continuarmos em silêncio, o país ficará com belas reportagens, mas sem pessoas que possam ensinar, inspirar e simplesmente viver sem dores constantes nas costas e no coração. Precisamos de uma semana de cinco dias não como um capricho, mas como um direito elementar de respirar", conclui o autor.
A saída para esse impasse deve ser proporcionar oportunidades de descanso completo para todos: professores e alunos. Isso pode ser feito reduzindo a carga burocrática e revisando a estrutura de trabalho dos professores, o que permitirá que mais tempo seja dedicado diretamente ao ensino das crianças. Caso contrário, o sistema educacional continuará a se degradar rapidamente, e é na carteira escolar que se constrói o futuro de qualquer país.
newizv.ru